Brasileira que acusou inspetor de estupro em Portugal diz ʽmorrer a cada diaʼ
Source: O Globo
Author: Gian Amato
Em Lisboa: Ministério Público de Portugal acusa inspetor do SEF de tentar estuprar brasileira
A cabeleireira paraense de 51 anos denunciou um inspetor do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) pelo episódio que aconteceu em 2018. Em 2023, o Ministério Público fez a acusação de três crimes: tentativa de violação, assédio e coação sexual.
No julgamento que ocorreu no começo deste mês, a Justiça considerou como provadas a tentativa de violação e a coação sexual. Mas concluiu que o acusado conseguiu provar que não era o autor dos crimes. Leia mais detalhes sobre a história aqui e aqui.
Em entrevista ao Portugal Giro, Sílvia Rilva (um dos nomes é fictício, como pediu a brasileira), diz que ficou traumatizada com o crime e, por isso, ingeriu medicamentos sem receitas:
-- Já me automediquei, com muitos medicamentos para dormir. Tentei dormir para não acordar: Fiz o pior, mas ainda estou respirando.
Ela relata que tentou pelo menos três vezes "dormir para não acordar mais", como diz.
-- Às vezes, a dor é tão grande que queremos parar. Para nós, mulheres que passamos pelo que eu passei, dormir é tudo que nos resta. Quando a manhã chega, vem tudo novamente, as lembranças e as dores insuportáveis -- disse Rilva.
A brasileira conta que tem apoio da sua irmã e também da família do namorado, o escocês David Grayson. Ainda assim, afirma ter crises de ansiedade quando precisa viajar:
-- Fui visitar minha filha no interior da minha cidade. Quando cheguei na rodoviária, estava quase normal, mas infelizmente tive um ataque de ansiedade e foi horrível. Para a Escócia, é uma viagem que me faz mal, tenho que me controlar ao máximo e só fico bem quando chego em casa e estou com o David e a minha sogra.
Seis anos depois do episódio, Rilva precisou reviver tudo este mês. Ela diz que tinha esperança de um desfecho diferente.
-- Infelizmente, ainda vai continuar acontecendo, porque não adianta você buscar justiça. Só perdi tempo e dinheiro correndo atrás de justiça. Fui uma palhaça, além de abusada e machucada (...) Hoje, não acredito na Justiça de Portugal, principalmente para defender brasileira -- contou ela, que continuou: