Novo xadrez na política
Source: Correio da Manha
Portugal mudou a 10 de março. O poder é de direita, porque o Chega varreu 38 deputados da esquerda, quase todos do PS. Por causa disso, o PSD, que liderou a AD, venceu os socialistas por 54 541 votos, a margem mais curta da história democrática. 54 mil votos são pouco mais de metade dos conseguidos pela ADN, o partido que ficou muito perto de entrar no Parlamento. Luís Montenegro tem toda a legitimidade para formar um Governo estável, mas é importante estarmos atentos ao novo xadrez político. Só a estrondosa derrota do PS de Pedro Nuno Santos, que ficou 9 pontos percentuais abaixo do registo de Ferro Rodrigues em 2002, quando perdeu para Durão Barroso, permite a Montenegro formar Governo. O PS só teve resultados piores do que o de Pedro Nuno em 1985, quando emergiu o PRD, e em 1987 quando a maioria cavaquista mudou o jogo político.
Agora, o PSD tem o poder, mas nas urnas teve um resultado pior do que o de Manuela Ferreira Leite, que em 2009, sem coligação, perdeu para José Sócrates.
Desde o PRD que não havia uma ameaça à bipolarização reinante. Mas o PRD era do sistema, ligado a Belém, e esfumou-se depois, porque Ramalho Eanes não assumiu o partido. A génese do Chega é diferente. No País mais pobre da Europa ocidental, com gente infeliz e zangada, a sofrer tantas mudanças, André Ventura tem margem para conseguir subir ainda mais. Só um bom Governo do PSD pode travar o crescimento do Chega.